Xenofobia é um reflexo da globalização?

O artigo Migrações: Fraternidade e Xenofobia na Sociedade Cosmopolita, de Bárbara Simões, busca entender o paradoxo existente entre as noções de “fraternidade” e “xenofobia” nos países que acolhem estrangeiros que tiveram deslocamento forçado. Publicado em 2018 pela Revista Em Tempo, o artigo observa que a violência contra imigrantes cresce gradualmente apesar dos  mecanismos de acolhimento e recepção.

 

De acordo com o artigo, a xenofobia tem ganhado cada vez mais destaque nas mídias sociais. A OMI (Organização Internacional para as Migrações) define a xenofobia como um tipo de  intolerância, na qual se rejeita, exclui ou diminui o indivíduo com base na sua nacionalidade. Já a fraternidade é compreendida por Bárbara como um dos produtos da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade), sendo um vínculo afetivo de solidariedade com outra pessoa, no caso o migrante.

 

A pesquisa levanta a suspeita de que o aumento da violência contra estrangeiros pode estar relacionado ao crescimento do número de migrações. O número de pessoas que deixam seus lares cresce a cada dia. O texto aponta o fato de que as pessoas migram pelos mais variados motivos: pela violência, pela discriminação, por desastres naturais ou até mesmo por escolha própria. No entanto, o principal motivo de migração parece estar relacionado a conflitos violentos. Segundo dados da ACNUR, em 2017 68,5 milhões de pessoas tiveram que deixar suas casas por causa de atos de violência e de conflitos em seus países de origem.

 

A autora destaca que para desenvolver políticas de acolhimento adequadas para os imigrantes é necessário entender corretamente os fluxos migratórios para diferenciar as migrações voluntárias das compulsórias. Além disso, o artigo destaca que existem questões referentes à políticas de Estado que não contemplam a migração como um direito humano, gerando e alimentando o preconceito, a discriminação e a xenofobia.

 

“A  fronteira pode ter uma função de inclusão, mas também de exclusão das porções territoriais e de pessoas, já que fora dos limites do Estado está o outro, o alienígena, aquele que não pertence à vida pública por ser diferente. Por conta deste medo do desconhecido é que surgem as atitudes xenofóbicas” –  destaca Bárbara.

 

O artigo termina com uma proposta de combate à xenofobia. A autora acredita que talvez a fraternidade possa ser uma boa ferramenta para construir pontes, e não, muros.  Assim, as diferenças podem ser mais facilmente entendidas, integradas e respeitadas ao invés de representarem uma ameaça.

 

Para mais informações acesse:

https://revista.univem.edu.br/emtempo/article/view/2616

 

Por Vanessa Medeiros (UFRJ/Brazil)

 

Beatriz Buarque

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