Em meio à pandemia do Covid-19, a falta de equipamentos necessários nos hospitais é uma realidade no Brasil. Pensando nisso, o CoronaVidas foi criado e iniciou uma “onda do bem” para melhorar a segurança de quem está na frente de combate. O projeto trabalha na produção e na distribuição gratuita de Face Shields, máscaras de material transparente que cobrem todo o rosto, para hospitais públicos. A iniciativa que começou na Bahia já está presente em cinco estados brasileiros e conta com mais de 500 voluntários, além de empresas colaboradoras.
Idealizado sem qualquer fim lucrativo por Antonio Cordeiro e Fábio Barreto, ambos professores e pesquisadores do IFBA, em conjunto com Leandro Brito, professor e pesquisador da UFOB, o CoronaVidas foi criado no final de março deste ano. No entanto, em pouco mais de um mês, o projeto já é um dos maiores produtores de Face Shields na América do Sul. Além de máscaras, o CoronaVidas também produz e distribui respiradores pulmonares, além de estudar algoritmos em ‘Data Science’ para analisar os dados do Covid-19.
“Nós decidimos verificar dentro da expertise que o nosso grupo tinha, o que a gente podia fazer para representar alguma diferença no período de pandemia” explica Antonio. “Então, junto com o professor Leandro Brito, tivemos a ideia de desenvolver a Face Shield porque a complexidade para esse material é baixa, podendo ser feita na impressora 3D”.
Apesar de, no início, o tempo de produção ser de 4 horas, o CoronaVidas já produz uma máscara a cada 20 segundos, atingindo até 6000 Face Shields por dia. O alto número de voluntários também contribuiu para o sucesso do projeto, uma vez que eles são responsáveis por todo o processo de arrecadação de verba, produção, higienização, contato com hospitais e distribuição do produto – com o apoio das Secretárias Estaduais e Municipais nessa última etapa. Algumas empresas brasileiras também estão ajudando de modo a possibilitar uma produção em escala.
O sucesso do CoronaVidas se explica pela facilidade de fixação de HUBs, que são os coletivos locais de colaboradores, a partir apenas de um formulário no site do projeto, o que permite que haja grande número de voluntários e que esteja presente na Bahia, em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Amazonas e no Mato Grosso do Sul. Assim, as HUBs se responsabilizam por encontrar os hospitais públicos mais necessitados de suas regiões.
“A ideia de HUB é a de várias pessoas conectadas, trabalhando juntas, porém, separadamente”, definiu Fábio. “O mais interessante é que não só tem pessoas com impressora 3D. Você tem profissionais de saúde, engenheiros, médicos, procuradores, a sociedade civil, motoristas… Tem uma série de pessoas que conseguem fazer com que esse movimento de engajamento e doação das Face Shields aconteça na cidade”.
Atualmente, a iniciativa tem como meta ingressar na produção de óculos de proteção e tubos ‘em T’ de ventilação. Entretanto, ainda há obstáculos para esse próximo passo devido ao preço dos insumos.
Por Rebecca H. – UFRJ (Brazil)