Nos estudos de radicalização, o poder das narrativas produzidas por grupos extremistas é freqüentemente atribuído ao senso de pertencimento que elas proporcionam aos jovens. Essa é uma das razões pelas quais não podemos dizer que os jovens sem acesso à boa educação ou com baixa renda são mais vulneráveis às ideologias extremistas. De fato, todo indivíduo quer sentir que faz parte de uma determinada comunidade ou país. Quando alguém se sente discriminado, torna-se vulnerável a mensagens que incitam o ódio contra certos grupos. As ideologias extremistas prejudicaram a coesão social de uma forma que atualmente estamos vivendo em um círculo vicioso de ódio.

 

Words Heal the World nasceu como uma tentativa de proporcionar aos jovens um senso de pertencimento (para o bem, digamos assim, porque eles sentem que são efetivamente parte de uma comunidade que dissemina amor em vez de ódio) e os capacita a usar suas habilidades para desafiar o ódio na internet. Inicialmente, o projeto estava muito focado em ações desenvolvidas para combater o extremismo na internet – o principal meio usado pelos extremistas para divulgar suas mensagens. No entanto, recentemente, começamos a nos envolver com comunidades locais e alunos do ensino fundamental e médio. Os resultados foram tão impressionantes que me levaram a compartilhar algumas palavras sobre o assunto com vocês.

 

Em três dias, tive a oportunidade de ouvir mais de 150 estudantes que moram em Petrópolis (Rio de Janeiro, Brasil). Eu desenvolvi o workshop Palavras Curam o Mundo de uma forma na qual encorajo os alunos a desenvolverem estratégias para combater diferentes tipos de extremismo. Em três dias, fiz este workshop em escolas públicas e privadas (Bom Jesus Canarinhos e Escola São Judas Tadeu) e, em cada uma delas, fiquei impressionada com:

 

  • o número de ideias criativas que apareceram
  • a vontade dos alunos de saber mais sobre o extremismo
  • como eles apresentaram suas estratégias com grande felicidade e dispostos a avançar com elas
  • como eles estavam contentes porque foram ouvidos

 

Estudantes de diferentes religiões, origens, cores criaram ideias para desafiar o racismo, a islamofobia, o antissemitismo, o sexismo, a homofobia, a xenofobia e a intolerância religiosa em relação às religiões afro-brasileiras.  Algumas das ideias serão implementadas pela Words Heal nos próximos meses.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eu sempre soube como os jovens são poderosos, mas este workshop me permitiu ver esse poder em ação, e agora é hora de compartilhá-lo com o mundo inteiro! Com as mídias sociais, a criatividade dos jovens tornou-se ainda mais poderosa e é hora de incentivá-los a usás-la para a paz. Algumas organizações têm feito um trabalho incrível, capacitando os jovens e fazendo-os perceber o quão talentosos eles são. Atividades como essa devem ser impulsionadas porque, assim que os jovens perceberem que sua criatividade pode fazer a diferença na nossa sociedade, efetivamente transformaremos o círculo vicioso de ódio em um círculo virtuoso de paz.

 

Por Beatriz Buarque (fundadora do Words Heal the World)

 

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