O relatório “Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2019”, publicado todo ano pela organização “Repórteres sem fronteiras” faz um paralelo entre o aumento do ódio aos jornalistas e regimes autoritários. Realizado desde 2002, o estudo mostra que, à medida em que os discursos autoritários crescem, o número de países considerados seguros para os repórteres diminui. A pesquisa é feita por meio de um questionário sobre as restrições e violações à liberdade de imprensa em 180 nações. Quanto maior a pontuação, menor a segurança para os jornalistas.

 

Pelo terceiro ano consecutivo, a Noruega ocupa o primeiro lugar em termos de segurança para o jornalista, seguido por Finlândia e Suécia. De acordo com o relatório, apenas 24% dos países pesquisados são consideradas “bons” (classificados como brancos, no Mapa da Liberdade de Imprensa) ou “razoavelmente bons” (amarelos).

 

Fonte: Relatório Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2019, Repórteres sem Fronteiras

 

 

 

A região que teve a maior a queda no número de países seguros para jornalistas é formada pelas Américas (Norte e Sul). Na Nicarágua (114ª), jornalistas são atacados fisicamente ao cobrir manifestações e acabam obrigados a se exilar. Já o México é considerado um dos países mais letais do mundo para a mídia: ao menos dez jornalistas foram assassinados no último ano.

 

Os Estados Unidos (48ª) e o Brasil (105ª) também se tornaram menos seguros. De acordo com o relatório, nunca antes os jornalistas estadunidenses foram submetidos a tantas ameaças de morte. Em junho de 2018, quatro jornalistas foram executados em um massacre na redação da Capital Gazette em Annapolis, Maryland. No Brasil, a situação dos profissionais de mídia piorou desde o fim do ano passado e o país perdeu três colocações no ranking.

 

Se o debate político desliza clandestinamente ou abertamente em direção a uma atmosfera de guerra civil, na qual jornalistas são tratados como bodes expiatórios, então a democracia está em grande perigo”, defende o secretário-geral da RSF Christophe Deloire.

 

Embora a pontuação da região do Oriente Médio e Norte da África não tenha tido uma queda expressiva, a área continua sendo a mais difícil e perigosa para os jornalistas.

 

Russia (149ª) e Turquia (157ª) continuam perseguindo veículos de mídia independente  e a Turquia é o país com mais jornalistas presos no mundo.

 

A África é um continente de contrastes no que se refere à segurança de jornalistas. Após uma mudança de governo, a Etiópia (110ª) libertou todos os seus jornalistas detidos e teve um salto de 40 pontos no índice. Porém, a situação permaneceu delicada e inalterada em países como a República Democrática do Congo (154ª) e a Somália (164ª). Enquanto a Somália continua sendo considerada a nação mais letal da África para jornalistas, a República Democrática do Congo foi o país com o maior número de violações registradas pelo “Repórteres sem fronteiras” em 2018.

 

Para mais informações, acesse: https://rsf.org/en/2019-world-press-freedom-index-cycle-fear

 

Por Letícia Oliveira (UFRJ/Brazil)

Share: